Sequela Cultural

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aconteceu comigo - Parte 2



O último vôo do Samurai
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Data do acidente: 12/04/1972
Aeronave: NAMC YS-11
Proprietário: VASP
Prefixo: PP-SML
Ocupantes: 25
Fatalidades: 25
Local do Acidente: Serra Maria Comprida, Petrópolis - RJ
Histórico:
O Samurai da Vasp realizava mais um vôo de rotina da Ponte Aérea Rio-São Paulo. Era noite e tudo parecia normal. Não se sabe porque uma tripulação tão experiente como aquela (Cmte. Instrutor: Zenóbio Torres e Cmte. em Instrução: Carlos Roberto de Abreu Valença) iniciou o procedimento de descida muito antes do previsto. Como resultado da falha de navegação, o Samurai entrou voando no costado da serra, a 50Km do Rio de Janeiro, explodindo instantaneamente e matando todos os seus ocupantes.
Relato de Ângelo Teixeira de Branco - passageiro que não pôde embarcar no vôo que se acidentou.
Estava de mudança do Rio e, no dia 12/04/1972, estava em São Paulo providenciando a compra de um imóvel.
Porém, faltava um documento para conseguir o financiamento na CEF - Caixa Econômica Federal. Teria que ir com urgência ao Rio para buscá-lo. Precisava chegar ao Rio, ir até a Tijuca, pegar a chave do apto da Muda, pegar o documento na Muda, voltar a Tijuca para deixar a chave do apartamento da Muda, dar um beijo na esposa e filho, ir até a rodoviária pegar ônibus para São Paulo e... chegar na CEF às 10 horas da manhã seguinte.
Nesse dia 12 cheguei em Congonhas por volta das 19:30h. Fui ao guichê comprar passagem e havia uma pessoa na minha frente comprando a sua. Tocou o telefone, a moça do caixa conversou com alguém, desligou e acabou de atender o comprador.
Chegou a minha vez. Iria pegar o vôo da ponte aérea, o próximo vôo com destino ao Rio de Janeiro.
- Uma passagem para o próximo vôo.
- Próximo vôo apenas às 20:30h. – disse a moça.
- Mas você acabou de vender uma passagem para as 20 hs! Os passageiros estão ali esperando para embarcar – disse eu apontando para a área de embarque.
- Infelizmente já informei o número de passageiros e não posso mais vender passagem para esse vôo. Agora só para as 20,30h.
- Tudo bem, fazer o quê?
Embarquei às 20:30 hs. Vôo tranqüilo. Devido a minha pressa, desci do avião e, correndo para pegar um Táxi, fui o primeiro a chegar ao saguão do aeroporto.
Havia pessoas esperando no desembarque, homens, meninos, mulheres (esposas?), etc... Antigamente as pessoas da família iam buscar os entes queridos nos aeroportos.
Fui praticamente barrado no saguão:
- Esse vôo é o das 20 hs? – perguntaram as pessoas que estavam na espera.
- Não. Esse é o das 20:30 hs – disse e continuei andando, homens e mulheres atrás de mim insistindo:
- O Senhor tem certeza?
Para cessar o assédio, quase no ponto de Táxi, mostrei minha passagem.
O avião YS-11 da VASP, o Samurai, havia caído sem deixar sobreviventes. Acho que foi o último Samurai.
É uma sensação horrível você se dar conta que aquele avião que saiu antes não chegou, olhar a expressão no rosto daquelas pessoas... a reação é uma coisa indescritível.
Toda vez que tenho notícia de queda de avião começa na minha mente aquele filme do saguão do aeroporto do Galeão. É muito triste...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Aconteceu Comigo - Parte 1

O Blog Voando Alto , apresenta pra voce a serie " Aconteceu Comigo ". Uma série divida em capitulos, no qual pessoas narra experências que passaram diante de algum acidente aéreo. Para começar, temos um acidente ocorrido no Rio de Janeiro, envolvendo um aviao que era procedente de Paris. Espero que gostem e comentem,abraços




Galeão, o aeroporto abençoado por Deus


Data do acidente: 02/12/1985
Aeronave: Boeing 747-228B
Proprietário: Air France
Prefixo: F-GCBC
Ocupantes: 273
Fatalidades: 0
Local do Acidente: Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro - RJ













Histórico:
Após o pouso na pista 15 do Galeão (GIG), aparentemente o cabo de controle da potência do motor um se rompeu, e este acelerou além da potência máxima de decolagem. A tripulação perdeu o controle direcional do 747, que saiu pela lateral direita da pista, passou por uma vala e colidiu contra uma barreira de concreto. Não houve vitimas, mas o avião foi destruído.

Segue abaixo o relato de Luis "Constellation", ex-funcionário do aeroporto do Galeão

Em dezembro de 1985 tive a oportunidade de ouvir - e em seguida ver – o acidente com o Jumbo (Boeing) da Air France que foi parar no pátio do TECA (Terminal de Cargas) do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Foi um acidente muito feio, mas tivemos algumas cenas tragicômicas com o pessoal que trabalha no aeroporto e com os passageiros.
Era muito cedo. Eu trabalhava no antigo hangar da Panair. Na época eu fumava e sai com vários amigos para um lado aberto do terceiro andar para fumar. Estava ainda meio escuro. Ouvimos um avião efetuando uma reversão que foi crescendo e parecendo se aproximar mais e mais. No meio do som havia outro ruído como uma turbina a toda potência. Aí ouvimos um super estrondo e um som de metal sendo arrastado.
Corremos para descer as escadas que eram muitas e ao chegar dentro do hangar da Panair vimos um vulto branco girando lá fora. Corremos e vimos um grupo correndo em sentido contrário. Aí corremos de volta em desespero sem saber o que era. Lembro que olhei para trás e vi (juro!) um negócio que aqui no Rio chamamos de “gelo baiano” (bloco de concreto que faz limite nas margens das vias) voar para o alto como se fosse de isopor. Veio muita poeira e um vento quente nas pernas.
Quando o ruído cessou, estávamos atônitos e corremos de volta ao local do vulto branco. Conforme a poeira e a fumaça desciam, vimos que se tratava de um enorme Jumbo da Air France.
Ao chegarmos mais perto o fogo começou nos motores da asa direita e esquerda. Aí corremos de volta, muitos gritando “vai explodir, vai explodir”. Mais uma vez a comunidade aeroportuária do Galeão corria para escapar da morte.
Havia uma bruma no ar ainda e pelo que soubemos depois, a torre do Galeão não tinha visto nada, pois a pista estava “IFR” (a aproximação era feita com o auxílio de instrumentos) com o nevoeiro baixo e ainda chegou a dar a hora do pouso pelos alto-falantes (“Air France tal tal tal on the ground at...”). Tudo isso e o avião todo quebrado lá no Terminal de Cargas.
O sistema anti-fogo da aeronave foi acionado e ajudou a diminuir as chamas. Aí sim as “slides” se abriram nas portas da frente e vimos muita gente sair correndo. Os comissários ajudaram e foi muito rápida a evacuação.
O mais engraçado era ver os passageiros correndo sem parar pelo pátio. Corriam cada vez mais a ponto de muitos terem que ser perseguidos para pararem de correr em fuga. Aí os bombeiros chegaram. Havia passado uns oito ou dez minutos da parada do Jumbão.
Ajudamos muitos passageiros e ficamos com medo de que houvesse vítimas fatais. Por sorte ninguém ficou ferido, nem mesmo na saída pelos “slides” nem na fuga desenfreada. Depois foi a tripulação da Air France que entrou em desespero, as comissárias choravam e gritavam em pânico sendo amparadas pelos colegas e por algumas pessoas do nosso grupo. Foi tudo muito rápido e toda a comunidade correu para dar assistência à Air France.
O curioso é que nesse vôo estava a bordo o ex-técnico da seleção brasileira Telê Santana que, anos antes, em 1980, estava num Electra que fazia um pouso de barriga... Ô pé frio, né? É por isso que o Brasil não ganhou a Copa com ele...
Outra curiosidade é que o “trem da bequilha” entrou todo pelo piso da primeira classe. Eu fui ver até a porta olhar e vi que teria matado alguém se - no meio do bico do 747 - não tivesse um bufê de comidas e café da manhã - que ficou todo destruído, mas sim poltronas. Mas ninguém se feriu.
Assisti depois de mais de quinze minutos do acidente a tripulação descer e ser aplaudida. O Comandante ficou muito emocionado ao ver o estado que ficou seu avião e todos terem escapado bem e saudáveis.
No exato lugar onde o aquele Jumbo parou, vinte minutos antes saiu um avião cargueiro 707 com destino ao Chile que estava com os tanques cheios, pois após Santiago iria para Lima, no Peru.
A asa esquerda do Air France passou a menos de meio metro de um prédio com material inflamável e o avião parou a menos de 100 metros das bombas de gasolina das viaturas da Varig.
Foi uma intervenção de Deus. Tinha tudo para ser uma grande tragédia, mas saiu tudo bem graças a Deus. Eu sempre digo aos amigos que o Galeão é abençoado por Deus. Aqui nunca houve uma tragédia com perda total de vidas.


sábado, 22 de novembro de 2008

O Futebol brasileiro e suas tragédias (fora de campo)









SANTOS


Três minutos que fizeram a diferença






Depois de sagrar-se bi campeão sul-americano e mundial em 62 e 63, o ano de 1968 foi muito pródigo e generoso para o Santos F.C. Venceu as Recopas Sul-americana e Mundial interclubes. É por isso que a FIFA reconhece o Santos também como tricampeão.

Ainda em 68 foi bicampeão paulista e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (a 1ª Taça de Prata), onde no dia 15 de setembro de 1968, (um domingo) enfrentou o Flamengo no Maracanã vencendo por 3 a 2.
Após a partida, Pelé & Cia. retornaram a São Paulo viajando num avião modelo Viscount, prefixo PP-SER, da Vasp, que pousou no aeroporto de Congonhas às 21h15. Desembarcaram 52 passageiros e comissários, incluindo a delegação do Santos. Permaneceram a bordo o comandante Neutel e co-piloto Freire.


Cerca de três minutos após, o avião decolou para um vôo de treinamento dos tripulantes. Ao sobrevoar a Cidade Universitária (o Campus da USP – Universidade de São Paulo), houve falha numa das turbinas e o avião caiu ficando reduzido a escombros.
Morreram na queda os dois tripulantes e em terra uma senhora que residia numa das casas atingidas pelo impacto e pelas labaredas

O acidente não foi destaque na imprensa. Apenas um jornal de São Paulo publicou, mas sem alarde, que o Santos havia desembarcando a poucos instantes daquele aparelho que acabou se precipitando na região da Cidade Universitária. Naquele tempo, a VASP pertencia ao Governo de São Paulo e, para a imprensa, o acidente, só teria repercussão mundial, se acontecesse com o pessoal do Santos a bordo.








Pânico no Equador

No dia 1º de maio de 1996, um sério acidente numa tentativa frustrada de decolagem do avião que traria de volta a delegação do Corinthians para o Brasil após um jogo em Quito, no Equador, quase acaba em tragédia.
A bordo da aeronave os jogadores comemoravam com champanhe a vitória de 3 a 1 sobre o Espoli, do Equador, quando "viram a morte de perto", como definiu o zagueiro Cris. Às 18h45 daquela quarta-feira, 80 pessoas entre jogadores, comissão técnica, torcedores e jornalistas estavam prontas para decolar de Quito rumo a São Paulo.
Chovia forte no momento da tentativa de decolagem efetuada pelo comandante Cledir da Silva, nos controles do Boeing 727-2B6, prefixo PP-LBY, da companhia aérea FLY.
Eram 17 horas locais (19 horas de Brasília). Na aeronave 72 pessoas a bordo. A pista do aeroporto Mariscal de Sucre é considerada uma das mais perigosas do mundo.
Quarenta e seis segundos após o início da corrida, quando o avião deveria estar levantando vôo, os passageiros descobriram o que o comandante já sabia: o 727 não iria decolar. Na realidade ele já havia iniciado os procedimentos para abortar a decolagem, isso a mais de 200 quilômetros por hora.
Nesse momento a aeronave patinou, saiu da pista, deslizou pela grama e destruiu tudo pela frente, incluindo cercas e o muro onde finalmente parou quase nas ruas da capital do Equador. O tanque de combustível da asa direita rompeu-se e derramou combustível sobre o trem de pouso que se partia e as faíscas deflagraram um incêndio que atingiu a aeronave que já estava com sua cabine destruída e a fuselagem partida ao meio.




O pronto atendimento dos bombeiros evitou o incêndio total da aeronave e o fogo foi logo apagado. Segundo o comandante, no momento em que o avião taxiava, chovia pouco, mas aumentou ao tentar arremeter. "Infelizmente, a pista não foi suficiente para que a aeronave parasse a tempo", garantiu Cledir: "Tivemos muita sorte porque poderíamos ter morrido todos", disse. "Evitei uma tragédia."
"É difícil falar o que houve", afirmou o goleiro Ronaldo. "Mas vou lembrar-me disso por muito tempo ainda." O goleiro ainda afirmou: "O piloto foi sensacional."
Conforme um porta-voz do DAC (Departamento de Aviação Civil) equatoriano, o avião, ao atingir o muro no final da pista, teve um princípio de incêndio na turbina direita, logo controlado pelos bombeiros. O fogo começou quando o comandante reverteu bruscamente os motores para diminuir a velocidade.
"Tinha a sensação de que todos íamos morrer", contou o diretor de Futebol Jorge Neme. "Na hora do impacto, as pessoas foram arremessadas para frente e houve pânico". "Foi horrível. O avião batia em muretas e a fuselagem ia rasgando. As cadeiras voavam, os vidros se quebravam e as pessoas não paravam de gritar. Pela janela, via-se fogo na asa e o querosene vazava para todos os lados. O avião só parou depois de bater de frente em um muro e invadir uma avenida", relatou o jornalista Ricardo Capriotti, da Rádio Bandeirantes, que estava na aeronave.
"Houve uma neurose generalizada", atestou o médico do Corinthians, Paulo Farias. "Todos queriam sair do avião ao mesmo tempo." O jogador Tupãzinho foi quem mais se machucou. Com o corpo tomado pelo querosene, ele não esperou que os tobogãs de emergência inflassem e saltou do avião. Torceu o tornozelo e teve algumas queimaduras. Outros cinco passageiros sofreram escoriações leves e o piloto, comandante Cledir Joaquim da Silva, cortou o rosto. Um saldo positivo. Se o avião tivesse saído do chão, poderia ter batido de frente em uma das montanhas que compõem a Cordilheira dos Andes e cercam o aeroporto Mariscal Sucre, no centro de Quito. A direção do Aeroporto informou que houve apenas feridos leves.
O DAC do Equador admite três hipóteses: a ruptura do trem de aterrissagem dianteiro, uma falha nos motores ou mesmo o avião ter patinado na pista devido à chuva. Uma das comissárias do vôo, Carmem, declarou que o avião não estava em perfeitas condições desde que saiu de São Paulo, mas não entrou em detalhes.
Sabe-se que para fazer o vôo com apenas uma escala, em Porto Velho, o Boeing estava com os tanques cheios e muito pesados para uma pista pequena como a de Quito. A tripulação do avião permaneceu na capital equatoriana durante o período de inspeção e a FLY informou que "Desde que a aeronave foi adquirida pela empresa, há quarenta dias, não havia nenhum sinal de problemas em nenhum de seus vôos."
O avião foi adquirido da Royal Air Maroc, companhia aérea marroquina. O comandante Cledir, que já havia pilotado o avião antes dessa viagem, disse à empresa que também não sabia o motivo do acidente. "Segundo ele, no momento em que decidiu abortar a decolagem, o avião deveria frear normalmente, até o final da pista", relatou Mello. "Mas a aeronave não parou, não se sabe se pelo fato de a pista estar molhada ou por influência dos ventos."










GRÊMIO e CAXIAS


Mudança de vôo na última hora salva os dois times



Grêmio altera programação e salva delegação do acidente
A queda do vôo JJ 3054 da TAM em São Paulo no dia 17 de julho de 2007 quase vitimou toda a delegação do Grêmio. O diretor de futebol do clube, Paulo Pelaipe, afirmou que o elenco seguiria nesse vôo para chegar a Goiânia, onde enfrentou o Goiás no dia 19 de julho, mas o caos aéreo acabou alterando a programação. “Uma das alternativas era São Paulo-Porto Alegre à tarde. Em uma conversa com Mano Menezes (técnico), decidimos não pegar o vôo para São Paulo, até pelo caos aéreo. Decidimos ir para Brasília e então ir para Goiânia”, confirmou o dirigente.
Segundo Pelaipe, no momento da queda, a delegação já estava no Distrito Federal. “Quando chegamos em Brasília, os celulares estavam entupidos de telefonemas”, relatou.
No caso de Pelaipe, o seu filho, que passa férias na Argentina, chegou a ter a informação de que o dirigente estava no avião, mas a dúvida foi solucionada com um telefonema. O mesmo fato ocorreu entre o goleiro Saja e seu pai.
Elenco do Caxias escapa da tragédia ao embarcar em vôo seguinte
Além da delegação do Grêmio, o elenco do Caxias também esteve muito perto de embarcar no vôo JJ 3054 da TAM, que caiu dia 17 de julho de 2007 em Congonhas, em São Paulo. O time seguia para Maringá (PR), onde enfrentou o ADAP/Galo-PR no dia seguinte pela Série C do Campeonato Brasileiro, mas embarcou no vôo seguinte ao do acidente. O vôo dos jogadores do Caxias mudou a rota e desembarcou em Curitiba, onde os passageiros souberam da tragédia em São Paulo. De acordo com o assessor de imprensa do clube, Gustavo Rech, o elenco ficou muito emocionado.
“Nós poderíamos ter sido as vítimas. Eu chorei, muitos choraram. Estamos atônitos, todos estamos em estado de choque”, relatou Rech.
O ex-presidente do Internacional, Paulo Amoretty, está entre as vítimas do acidente.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A noite por testemunha


Acompanhe agora uma das historias mais bizarras no mundo da aviaçao,onde covardia e heroísmo andaram lado a lado nesse acidente ocorrido dia 3 de setembro de1989 ...

O RG-254 saíra de São Paulo às 9h43m da manhã em direção a Belém. Fez escalas em Uberaba, Uberlândia, Goiânia, Brasília, Imperatriz e Marabá antes de seguir a Belém. Às 17h20m, em Marabá, a tripulação realizava os preparativos para a última etapa do vôo enquanto os passageiros embarcavam. Enquanto o co-piloto Zille realizava a inspeção externa da aeronave, o piloto Garcez consultava o plano de vôo e leu o indicativo 0270 correspondente ao rumo magnético da etapa Marabá-Belém. Girou no HSI (instrumento indicador de situação horizontal) o ponteiro até a marcação 270 graus, que lhe pareceu corresponder ao número 0270 indicado no plano. Não se lembrou que, no plano de vôo, o último algarismo à direita correspondia a décimo de grau; 0270 na verdade significava 27,0 graus.

Depois de ajustar a proa, Garcez inseriu no PMS (Performance Management System) a distância para Belém: 187 milhas náuticas (346 km). Assim que o avião decolasse, o PMS iria fornecendo a distância e o tempo que faltava para o destino. Esse aparelho resume-se a contabilizar a performance vertical do vôo e o consumo de combustível. Garcez pretendia executar um vôo direto, voando em cruzeiro no nível 290 (29 mil pés). Seria uma etapa de 48 minutos.Para facilitar a navegação, nas proximidades de Belém há diversos acidentes geográficos facilmente identificáveis, como a Ilha de Marajó e o estuário do Amazonas. Zille, após a inspeção, em vez de consultar seu próprio plano de vôo, como era de sua obrigação, limitou-se a olhar o HSI do comandante e ajustar o seu a 270 graus também.

Eram 17h35m quando o Varig 254 decolou para seu último vôo. Iniciou uma longa curva de 158 graus para a esquerda, ao invés da pequena curva de 41 graus no mesmo sentido, que deveria fazer para tomar a posição de Belém. Quando a barra móvel do HSI se posicionou sobre a barra fixa que apontava para o rumo 270, o Boeing nivelou automaticamente as asas e seguiu rumo oeste, mantendo-se em ângulo de subida. Do cockpit, era possível ver o Sol escorrendo para o horizonte, bem a frente do nariz (se a proa tivesse correta, o Sol se poria à esquerda do avião). O RG-254 deveria chegar em Belém às 18h23m. No percurso, queimaria 2,4 toneladas de combustível. Haveria uma sobra de quase 3 toneladas, suficientes para irem até o aeroporto alternativo, Macapá, e ainda voarem mais de uma hora.

Frustrado, Garcez executou uma curva de 180 graus e tomou o rumo inverso (proa 90 graus). Restava-lhe achar Belém visualmente. Completou a descida para o nível 40 (4 mil pés), do qual seria mais fácil observar detalhes do solo abaixo, aproveitando o resto da luz do dia. Reduziu a velocidade para 200 nós (370 km/h). Mal sabia que estava no meio da floresta amazônica. Garcez tentava se localizar pela Geografia do terreno, talvez com medo de pedir ajuda pelo rádio HF que poderia custar seu emprego. Passou a usar o rio Xingu (pensando ser o Amazonas) como referência, ora acompanhando seu curso, ora cruzando-o na perpendicular. Para piorar as coisas, a noite se fechava sobre a floresta.

Para acalmar a impaciência dos passageiros, Garcez mandou servir mais um lanche, porém alguns já estavam em pânico devido ao atraso de 30 minutos num vôo de 48 minutos. Zille era inexperiente, porém não era imbecil. Verificou novamente as cartas de navegação e viu o erro inicial que cometeram em Marabá. O comandante, ao invés de mostrar-se surpreso, limitou-se a levar o dedo aos lábios pedindo silêncio e apontar ao CVR (gravador de vozes da cabine de comando). De uma coisa Garcez devia ter certeza, mesmo sem saber onde se encontrava: tendo voado pra oeste por tanto tempo, e depois no sentindo sul, jamais conseguiria atingir Belém com o combustível que tinha nos tanques, ainda mais voando a baixa altura. Tantas proas foram tomadas desde a saída de Marabá que era impossível tentar se localizar com exatidão. Estavam perdidos no meio da floresta amazônica.

Ao consultar as cartas, concluiu que Santarém deveria ser o aeroporto mais próximo. Sintonizou o rádio auxílio e fez uma curva de quase 180 graus rumo 350. Tinha pouco mais de uma hora de vôo. Garcez não se manteve muito nesse rumo, fez algumas contas e constatou que não dava pra alcançar Santarém. Não se desesperando, voltou a examinar as cartas e concluiu que Carajás e Marabá seriam os aeroportos mais próximos. Tratou de sintonizar os radiofaróis das duas localidades. Por coincidência, das mais infelizes, os sinais que recebeu foram os de Barra do Garça e de Goiânia, que possuíam, respectivamente as mesmas freqüências que procurava. Ao escutar o bip em código Morse das freqüências, Garcez, por nervosismo, confundiu GOI (de Goiânia) com MRB (de Marabá). Mais uma guinada de quase 180 graus.

As 20h05m, Belém voltou a chamar o 254 pedindo explicações. Às 20h10m, Garcez comunicou que tinha proa 170 de Marabá (na verdade Goiânia) e que recebia marcação de radiofarol de Carajás (na verdade Barra do Garça). Mas ficou perplexo quando Belém avisou que Carajás encontrava-se fora do ar desde 19h30m! O Centro de Belém, já muito nervoso, disse que providenciaria a iluminação da pista de Carajás. Supondo que o combustível não daria pra retornar a Marabá, o comandante decidiu ir para Carajás, mais a Oeste, mas usando a marcação de Marabá e desviando-se um pouco para o sul (o que seria correto se sua sintonia não fosse Goiânia). Decidiu que seu destino final seria “Carajás”. Comunicou aos passageiros que já estavam desesperados e/ou bêbados. Sem que ninguém soubesse às 20h30m foram-se as últimas esperanças, pois naquele instante o 254 passara a 185 km da Base Aérea de Serra do Cachimbo. O Boeing poderia pousar sem problemas, tendo 30 minutos de combustível o que lhe dava um raio de 200 km de alcance. O 254 iria passar por uma dura prova. Não havia instrução no mundo a respeito do procedimento correto para um pouso noturno de um 737, em terra firme, fora de pista, com visual zero! Restava aos pilotos conceber seus próprios parâmetros.

A primeira dúvida era se desceriam com os motores ligados ou desligados. Ligados, teriam força hidráulica nos comandos, faróis acesos e a possibilidade de adiantar um pouco o local do pouso. Desligados, desceriam como um planador de 30 toneladas voando a quase 200 km/h. Sem motor deveriam pousar no ponto em que a descida terminasse, fosse qual fosse. Decidiram manter-se a 8 mil pés até que o combustível esgotasse, evitando o risco de uma explosão na hora do impacto. Como o pouso seria às cegas, melhor seria pousar olhando os instrumentos, concentrando-se em manter o Boeing voando numa velocidade ligeiramente acima do ponto de estol, para que o impacto na floresta fosse o menor possível. Optaram também por manter o trem de pouso recolhido, o que lhes dariam maior sustentação. As rodas não fariam diferença, pois o pouso seria feito na copa das árvores. Decidiram que a velocidade de descida seria de cerca de 150 nós (280 km/h). Ligaram o APU (Auxiliary Power Unit) para que pudessem ter energia após a parada dos motores. Ás vezes, o RG-254 via luzes espaçadas, nada que se assemelhasse a Carajás ou uma cidade de pequeno porte, na verdade eram luzes de algumas fazendas dotadas de gerador. Em Belém, às 19h40m, Garcez reportou que iria descer na floresta. Faltando 15 minutos de combustível, Garcez informou aos passageiros do pouso forçado, mas foi interrompido pelo alarme de redução de potência dentro da cabine.

Quando o combustível chegou a 100 quilos, o motor número 1 parou. Eram 20h57m. Garcez avisou aos passageiros da parada do motor 1 e avisou que o pouso forçado era eminente. Garcez teve que picar um pouco para evitar o estol. Perdeu mil pés na manobra. A outra turbina ainda trabalhou por 2 minutos até parar. Agora ouvia-se o “ushhhhh” do vento. Sem combustível, a APU apagou. As luzes externas se apagaram e os faróis também.

Enquanto desciam em vôo planado, com nariz levantado em 8 ou 9 graus, Garcez e Zille olhavam os instrumentos iluminados pelas luzes de emergência da cabine, sempre de olho no climb (indicador de velocidade vertical) e o altímetro (que pouco adiantava já que não sabia a altura do terreno onde iriam pousar). No início a descida era de 1.200 pés por minuto. Mas, à medida que o ar foi ficando comprimido, baixou para mil pés por minuto. Isso lhes dava um tempo de planeio entre sete a oito minutos. Mesmo com motores desligados, as pás das turbinas continuaram girando em windmill (movidas pela força do vento). Isso gerou pressão suficiente para manter o sistema hidráulico operando pausadamente. Com grande dificuldade Garcez pilotava o avião, já que o sistema hidráulico que move os ailerons, profundores e leme funcionava e deixava de funcionar a toda hora.

Garcez grita “Flaps down”, Zille tenta abaixa-los, mas só consegue eleva-los a posição 2 devido a falta de força hidráulica. Com as baterias descarregadas do painel só existiam 4 instrumentos operando: horizonte artificial, altímetro, climb e velocímetro. Não viam nada fora da cabine… apenas um breu e pontos luminosos no horizonte devido às queimadas…

Seguiu-se o soar estridente da sirene de estol, Zille grita “mil pés!”. Num milésimo de segundo, Garcez processou duas informações: risco de estol e aproximação do solo. Empurrou o manche para frente, buscando sustentação e, quando pode senti-la, trouxe a alavanca para a barriga. Garcez estimara com precisão a altitude da copa das árvores. O avião, que fizera a aproximação final a mais de 250 km/h, graças a última puxada no manche atingiu a copa das árvores a 205 km/h e a uma velocidade de descida de 800 pés por minuto. Eram 21h06m e alguém gritou “bateu o fundo!”

A desaceleração foi tão grande que passageiros sem cinto voaram para frente do avião. Algumas poltronas começaram a se desprender do piso e formaram um bolo de ferro e carne mutilada na parte da frente do Boeing. Os choques não foram maiores porque o fundo do avião servira de amortecedor do impacto, exatamente como Garcez queria. Depois de tocar na copa das árvores, a cerca de 30 metros do chão, o Boeing inseria-se entre as folhagens, rompendo galhos e troncos e mergulhando contra o chão. Duas árvores grossas retiveram as asas, arrancando-as da fuselagem.

Com a velocidade reduzida a 60 km/h, a fuselagem percorreu apenas 30 metros na floresta. O Varig 254 imobilizou-se no chão úmido da floresta, sem asas, tombado para o lado direito. Os trens de pouso, mesmo recolhidos, desprenderam-se do bojo do avião. As turbinas separaram das asas. Quando as asas bateram nas árvores, o piso da aeronave sofreu forte torção, fazendo com que as filas de poltronas saltassem dos trilhos e fossem projetadas para frente. Como se não bastasse o teto falso desabou sobre os passageiros.

Dos 54 ocupantes do Boeing, apenas 10 saíram ilesos ou com ferimentos menores, inclusive Garcez. No total foram 12 vítimas fatais. Alguns sobreviventes acharam uma fazenda por perto e o resgate chegou aos destroços quatro dias depois da queda. Com os dois pilotos vivos e a caixa-preta intacta, o DAC apurou facilmente os dados. Um mês depois do acidente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica, CENIPA, recomendou a Varig usar apenas 3 dígitos no campo de curso magnético de seus planos de vôo, reconhecendo que os 4 algarismos, 0270, foram, tanto quanto a negligência de Garcez, responsáveis pela tragédia do vôo 254.


Anualmente alguns dos sobreviventes se reunem na data do acidente pra comemorar a nova vida que Deus lhes proporcionara

acompanhe abaixo o audio e a legenda de partes da gravaçao da caixa-preta, dividido em 3 partes
na primeira parte Garcez avisa os passageiros da queda iminente.

na segunda parte Garcez tenta se explicar para o comandante de outra aeronave que acompanhava do sol, o drama do comandante Garcez.

na terceira parte Garcez avisa a tripulaçao para se preparar para o pouso forçado

LEGENDA:

Cmte Garcez: "Senhoras e senhores passageiros, é o comandante quem vos fala.
Tivemos uma pane de desorientação dos nossos sistemas de bússola.
Estamos com nosso combustível já no final ainda com 15 minutos.
Pedimos a todos que mantenham a calma porque...
uma situação como esta realmente é muito difícil de acontecer.
Deixamos a todos com a esperança de que isso não passe de apenas
um...um susto para todos nós... Pela atenção muito obrigado e...
que tenham todos um bom final"

Piloto em terra: "O Garcez, você não conseguiu ir pra Belém por quê?"
Cmte. Garcez: "Não, é que eu não tinha a indicação de Belém:
a bússola tava com outra proa e a gente foi... ficou andando entre
Belém e Marabá e não conseguiu chegar a lugar nenhum agora tá indo
pra Marabá e não tem mais combustível pra ir pra lugar nenhum,
entendeu?"

Cmte. Garcez: "O motor 1 acabou de parar... A gente vai ter que
descer agora... Eu não vou poder falar mais que a gente vai
se preparar aqui para o pouso, ok? Atenção tripulação preparar
para o pouso forçado."

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

o que é ser aviador?



Trabalha em horários estranhos
(igualzinho às putas!)

Pagam-lhe pra fazer o cliente feliz
(igualzinho às putas!)

O trabalho vai sempre além do expediente
(igualzinho às putas!)

É mais produtivo à noite
(igualzinho às putas!)

É pago para levar os clientes às nuvens
(igualzinho às putas!)

Os amigos distanciam-se e só anda com outros iguais
(igualzinho às putas!)

Quando vai ao encontro do cliente, tem de estar sempre apresentável
(igualzinho às putas!)

Mas, quando volta, parece saído do inferno
(igualzinho às putas!)

Quando lhe perguntam em que trabalha, tem dificuldade em explicar
(igualzinho às putas!)

Se as coisas dão para o lado errado, a culpa é sempre dele
(igualzinho às putas!)

Todos os dias ao acordar diz:

NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA A FAZER ISTO!"
(igualzinho às putas!)
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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

os 10 maiores acidentes aéreos do Brasil








17 de julho de 2007, São Paulo - 199 pessoas morrem no choque de um Airbus A-320 da TAM que não conseguiu parar ao aterrissar no Aeroporto de Congonhas. Havia 187 pessoas a bordo. Doze pessoas em solo foram vitimadas.(Caso em andamento)




29 de setembro de 2006, Mato Grosso - 154 pessoas a bordo do Boeing da Gol, entre tripulantes e passageiros, morreram no acidente envolvendo um Boeing 737-800 da gol e um jato embraer XL600 Legacy;(falha Humana e falha de controle aéreo)



junho de 1982, Serra da Aratanha (CE) - 137 pessoas morrem no choque de um Boeing 727-200 da Vasp contra uma montanha da Serra de Aratanha, a 30 km de Fortaleza.(Falha humana)












julho de 1973, Paris - 123 pessoas morrem na queda de um Boeing 707 da Varig, a 1 minuto do destino, o aeroporto de Orly.(cigarro no lavablo)




outubro de 1996, São Paulo - 99 pessoas morrem quando um Fokker-100 da TAM cai sobre o bairro do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo.(falha mecanica)










abril de 1980, Florianópolis - 54 pessoas morrem no acidente com um Boeing 727 da Transbrasil.(falha humana)




junho de 1960, Rio de Janeiro - 53 pessoas morrem na queda de um Convair da Companhia Real na Baía de Guanabara;(falha humana)




Junho de 1982 - Queda de avião da companhia Taba, em Tabatinga, no Amazonas, causa a morte de 44 pessoas.





dezembro de 1959, Rio de Janeiro - 35 pessoas morrem no choque entre um Viscont da Vasp e um Fokker da Aeronáutica no aeroporto Santos Dumont;




maio de 2004, Manaus - 33 pessoas morrem na queda de um avião da Rico Linhas Aéreas que se se preparava para pousar no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.

domingo, 14 de setembro de 2008

Acidente com o boeing 777 da British Airways




Em 17 de janeiro de 2008, um 777-200ER da British Airways, na rota Pequim-Londres não conseguiu pousar no Aeroporto de Londres Heathrow, o avião pousou antes da cabeceira da pista, perdeu parte das asas e o trem de pouso entrou em colapso. As investigações iniciais relatam que as duas turbinas falharam. Este foi o acidente mais grave envolvendo um Boeing 777, e o 1º em que um modelo sofreu perda total.

A descrição é tão impressionante que merece a transcrição na íntegra. O The Times recuperou os instantes finais do vôo 038 da British, o B777 que bateu de barriga em Heathrow em uma manobra milagrosa dos dois comandantes. O autor da reportagem aposta em uma falha elétrica importante, grave e simultânea, nos sistemas que controlavam a aceleração. Mas vamos ao relato:


"Depois de 10 horas de vôo, o Speedbird 038 estava perto de casa. O primeiro-oficial John Coward preparava o pouso do B777 da British Airways em Heathrow. Diante dele, no lado direito do cockpit, três telas exibiam a situação do vôo, navegação e os dados de motores. Outros três brilhavam em frente ao capitão Peter Burkill, sentado do lado esquerdo.

Adiante, pela janela da cabine, Coward podia ver o centro de Londres, uma das áreas mais densamente povoadas da Europa. Era a hora do almoço da quinta-feira e eles se aproximavam pelo Leste. Há uma preferência dos vôos por essa rampa por ser mais tranquila do que sobrevoar diretamente a cidade. A oito milhas do aeroporto o BA038 estava a 2.400 pés. A 7,5 milhas, a aeronave alinhou com o ILS que a guiaria até a pista.

"A 2 mil pés os trens de pouso são descidos", explica um piloto de 777 aposentado. "É o procedimento".

O avião estava alinhado para um pouso de CAT1, com tempo bom, guiado por dois feixes de rádio, um horizontal e outro vertical que conduziam o jato a uma rampa de três graus em direção à pista sul, conhecida como 27L. Tudo parecia normal.

O B777 tem um histórico impressionante de segurança: em 12 anos de produção, mais de 600 foram feitos e nenhum havia caído. A punica morte registrada em uma operação com esse equipamento ocorreu em Denver, Colorado, em terra, e foi causada por um erro no reabastecimento. A vítima era o operador. Coward, um piloto com 41 anos de carreira na empresa, era um procedimento de rotina e tudo corria certo. O piloto automático e o autothrottle (acelerador) estavam ligados e fazendo os ajustes necessários.

"Você pode ver as manetes mexendo sozinhas, como se houvesse uma mão fantasma ajustando. Os trens estão abaixados e os flaps posicionados. Na maior parte dos casos já se vê a pista", conta outro comandante de B777.

Enquanto o jato fazia a aproximação, Coward teria anunciado: "1.000 radio. Man Land 200". A expressão significa que o jato estava a mil pés e que Coward deveria desligar os sistemas automáticos quando estivesse a 200 pés. A 250 pés, uma voz feminina no computador o avisaria de que estava na hora de agir. "Decide". É a hora da decisão e o co-piloto assumiria a posição e diria "Man Land 200, no controle".

A duas milhas e 600 pés, o jato estava estabilizado e na final, o que significa menos de um minuto para o pouso. A tripulação e os passageiros já tinham noção de que em instantes estariam no terminal. Enquanto Coward estava no controle, o autothrottle pediu mais aceleração, o que é considerado um procedimento normal de ajuste de altitude e velocidade. Mas nada aconteceu. Novamente o computador ordenou mais potência. Nada, nenhuma resposta.

No display central do painel há uma tela que mostra a pressão nos motores (EPR). Um indicador exibe o command EPR, o nível ordenado pelo piloto, outros o real. Nesse momento se precebeu que o indicador real estava recuando em vez de avançar. Coward ou o comandante Burkill tentaram aumentar a potência manualmente, novamente nada aconteceu.

Em altitudes elevadas, aviões podem perder potência e planar por distâncias até 100 milhas, segundo a Boeing, ajudados por velocidades de cruzeiro de 600 milhas or hora ou mais. Mas a menos de mil pés e a velocidades menores, o jato cai como uma pedra. No BA038 não houve tempo para dar o restart nos motores. Pilotos são treinados para recuperar o controle em situações de maior altitude, não tão perto do solo como estavam. "Queriamos manter o jato no ar pelo maior tempo possível ", contou Coward. Abaixo de 600 pés, o alarme de aproximação do solo não funciona para não distrair a tripulação, mas seguramente vários outros soavam naquele momento.

Coward e Burkill (na descrição fornecida por um comandante de B777) se agarraram aos manches. Se o avião está em iminência de estol (perda de sustentação) o sistema analisa a velocidade e transmite uma trepidação ao manche. Isso se chama Stick Shaker. Um alarme de Airspeed low (baixa velocidade) também começou a piscar no painel. Coward teve apenas segundos para reagir.

A falha dos motores cortou toda a potência. O B777 não tem cabos conectando os flaps e os lemes aos pilotos. Isso é feito pela transmissão eletrônica de sinais, com baterias de backup mantendo os instrumentos operando enquanto se procura religar o sistema. Comandantes desse avião são unânimes em elogiar a disposição da cabine e os equipamentos de auxílio ao vôo, como o EICAS (engine indication and crew alerting system), que informa aos pilotos a situação da aeronave e os passos a serem seguidos.


No solo, moradores das redondezas começaram a estranhar não só o baixo ruído emitido pelo jato, como o ângulo estranho com que se aproximava - com o nariz ligeiramente abaixado para evitar que o sistema tentasse entender o estol e corrigisse, aí sim, jogando o jato no chão como uma pedra. A única alternativa era a de manter assim até a hora do flare. Coward chegou a pensar que ia morrer num choque direto no solo, mas agradeceu quando o jato respondeu e elevou o nariz o suficiente para que um colchão de ar se formasse sob as asas, reduzindo o peso e o impacto.

Um motorista de táxi contou que a roda passou tão perto do carro que achou ser possível tocá-la com a mão. Ainda assim, o B777 passou por cima de uma cerca e se estatelou em uma área vazia antes da pista. O acidente foi testemunhado por outra tripulação da BA que aguardava para decolar. Com o choque, os trens de pouso - os do B777 são os maiores do mundo, receberam todo o peso do jato. O da esquerda atravessou a asa com o impacto e o da direita foi arrancado. "Ouvi uma série de sons como thuds", contou o co-piloto. Os passageiros descreveram esse momento como estar dentro de uma máquina de lavar roupas.


Orgaos investigadores trabalharam em tempo integral desde o acidente em janeiro, varias versoes foram cogitadas,entre elas uma interferencia de celulares,e problemas com alimentaçao de combustivel. Nada de exato foi divulgado,mas em setembro a boeing divulgou a seguinte nota para on operadores de 777:

"Prevenindo os efeitos do gelo no 777
Empuxo máximo durante 10 segundos antes de iniciar a descida e mudança de altitude a cada 3 horas em vôo de rota se a temperatura do tanque principal cair abaixo de 10º.C - são as recomendações da Junta de Investigação de Acidentes Aéreos ( Inglaterra ) para evitar o congelamento no sistema de combustível tido como responsável pelo acidente com o jato da British na reta final de Heathrow. Vale para todos os 220 Boeing 777 em operação...

sábado, 30 de agosto de 2008

Dialogos entre torre e avião


Já falei aqui de Aeroportos, passageiros, acidentes e aviões. Mas há uma parte desse cotidiano que rende muita coisa engraçada. São diálogos entre controladores de vôo em terra e profissionais do cockpit. Separei alguns bizarros, pinçados de fóruns e de e-mails que os próprios pilotos me enviam. Podem nem ser reais, ou recentes, mas são hilários.

- "Torre para Alitalia 345: continue táxi mantendo posição 26 Sul via Tango. Check operários trabalhando na taxiway". Instantes depois, o comandante retorna: "Alitalia 345 Táxi Sul via Tango. Operários checados. Todos trabalhando".

- No Canadá, o piloto pede autorização para a aproximação. "Halifax, Nova 851 saindo de 13.000 para 10.000 pés, pedindo pista 5". Do aeroporto de Halifax vem a resposta da controladora: "Nova 851, aqui é Halifax. A última vez que eu dei a um piloto o que ele queria, tive de tomar penicilina por três semanas. Aguarde a pista 6".

- Do centro de Moncton, com tráfego pesado, chamando a aeronave: "Speedbird 169 liberado direto Chibougamau". O jato da British retorna. "Aqui é BA 169. Desculpe, senhor, poderia repetir?". O controlador, impaciente, atende. "Speedbird 169, liberado direto Yankee Mike Tango". O piloto chama novamente. "Yankee Mike Tango ok para Speedbird 169. Qual era o nome?". O controlador responde, secamente. "Chibougamau". O piloto volta a chamá-lo. "Poderia repetir, por favor?". O controlador perde a paciência. "Chibougamau!. Eu disse Chibougamau!". O piloto não desiste. "Speedbird 169. O que quer dizer isso?". Passam-se alguns segundos e a torre responde. "É f...-se em esquimó!!!"

- Um aluno da escola de pilotagem, perdido, chama: "Aeroporto não identificado com Cessna 150 circulando em cima, identifique-se!". Para outro, a torre pergunta: "Cessna G-ARER, quais são as suas intenções?". O piloto retorna. "Torre, aqui Cessna G-ARER. Quero tirar o brevê". O controlador dá um grito. "Cessna G-ARER, quero saber nos próximos cinco minutos, não cinco anos!". Um terceiro, perdido no vôo solo, tenta reencontrar o caminho pelo rádio. "Qual foi a sua última posição conhecida?", pergunta a torre. O aluno responde. "Quando eu era o primeiro na fila para decolar".

- A torre chama uma aeronave. "Delta 351, você tem tráfego às 10h, a 6 milhas". O piloto responde. "Aqui Delta 351, me dê outra indicação. Meu relógio é digital."

"TWA 2341, para reduzir ruído, vire à direita 45 graus". Meio desconcertado, o piloto responde. "Centro, TWA 2341. Estamos a 35 mil pés. Quanto barulho vocês acham que produzimos aqui em cima?". Sem se alterar, o controlador retruca. "TWA 2341, o sr. já ouviu alguma vez o barulho de um 747 batendo em um 727?".

- Vários jatos aguardam o clearance (liberação) para decolar em Munique. "Aqui Lufthansa, chamando ATC, qual é a previsão de clearance?" . A torre retorna. "Lufthansa, aqui é a Torre. Se você quer uma resposta deve perguntar em inglês". O comandante se irrita. "Sou alemão, voando em um avião alemão, na Alemanha. Por que eu deveria me reportar em inglês?". Nesse ponto, uma terceira voz, não identificada, mas com sotaque britânico, entra na frequência. "Porque vocês perderam a maldita guerra!".

- Torre: "Eastern 702, liberado para decolagem, contate ATC na freqüência 124.7". Depois de decolar, o comandante retorna. "Torre, aqui Eastern 702 alterando a freqüência. Para registrar, há um animal morto na cabeceira da pista". A torre então chama o jato seguinte da fila. "Continental 635, liberado depois do Eastern 702. Contate freqüência 124.7 após decolagem. Copiou a mensagem do 702?". O outro jato retorna. "Continental 635. Roger, liberado para decolagem. Copiamos o Eastern 702 e já avisamos ao nosso pessoal da cozinha".

- De partida de Londres, Gatwick, para Fort Lauderdale, Flórida, a tripulação de um US Air erra o táxi e fica bico a bico com um 727 da United. Uma irada controladora entra no rádio. "US Air 2771, que diabos vocês pensam que estão fazendo? Eu disse para virar à direita na Charlie e vocês viraram à direita na Delta. Se não sabem a diferença entre C e D então fiquem parados! Que droga, estragaram tudo! Vão ficar nessa posição por meia hora até que eu decida quando, como e onde vocês vão. Copiou US Air 2771?". Após um instante de silêncio, a tripulação responde. "Yes Ma´am". A bronca cala todo mundo até que alguém em outro cockpit quebra o silêncio e pergunta a ela. "Já não fui casado com você antes?".


Post dedicado ao meu amigo Jair Giansante Junior ...
meu unico leitor ,hehe
abçs a todos

sábado, 23 de agosto de 2008

O maiores acidentes aéreos da historia (em numero de mortos)


O mais grave desastre aéreo da aviação registrado até hoje, segundo a Aviation Security Network, aconteceu em 1977, quando duas aeronaves das companhias Pan Am e KLM chocaram-se na hora da decolagem no Aeroporto de Tenerife, na Espanha, matando 583 pessoas.


583 mortos - Março de 1977. Dois Boeings 747, um da holandesa KLM e outro da americana Pan Am, colidem e pegam fogo na pista de decolagem de Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha). Havia 644 pessoas a bordo.



520 - Agosto de 1985. Um Boeing 747 da Japan Air Lines espatifa-se contra uma montanha. Só quatro passageiros sobrevivem.



350 - Janeiro de 1996. Um cargueiro Antonov-32 cai num mercado cheio de gente no centro da capital do Congo (ex-Zaire), Kinshasa.




349 - Novembro de 1996. Um Boeing 747 da companhia saudita Saudi Arabian Airlines e um Ilyushin da Kazakh Airlines, do Casaquistão, colidem no ar, perto de Nova Délhi, na Índia. Foi o pior desastre envolvendo dois aviões em pleno vôo. Morrem todos os passageiros e tripulantes.




346 - Março de 1974. Um DC-10 da Turkish Airlines cai numa floresta ao norte de Paris, logo depois de decolar do Aeroporto de Orly. Todos morrem.



329 - Junho de 1985. Um Boeing 747 da Air India cai na costa irlandesa, aparentemente depois de uma explosão. Todos os ocupantes morrem.




301 - Agosto de 1980. Um Lockheed TriStar L-1011 da Saudi Arabian Airlines pega fogo no aeroporto de Riad, pouco antes de decolar, matando todos os Ocupantes.




290 - Julho de 1988. Um Airbus A-300 da Iran Air é derrubado no Golfo Pérsico pelo navio de guerra americano Vincennes, que identificou erroneamente o aparelho como um avião de ataque. Todos a bordo morrem.




273 - Maio de 1979. Um DC-10 da American Airlines cai logo após levantar vôo do aeroporto de Chicago, nos EUA. Morrem os 271 ocupantes e 2 pessoas em terra.





270 - Dezembro de 1988. Um Boeing 747 da Pan Am cai sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia, em conseqüência da explosão de uma bomba, matando as 259 pessoas que estavam a bordo e 11 moradores da cidade.



269 - Setembro de 1983. Um Boeing 747 da Korean Air Lines é derrubado por um avião de guerra soviético, depois de sobrevoar o espaço aéreo da ex-União Soviética, perto das Ilhas Sakalinas. Morrem todos a bordo.



264 - Abril de 1994. Um Airbus da China Airlines, com 271 ocupantes, cai e explode quando ia aterrissar em Nagoya, no Japão.



257 - Novembro de 1979. Um DC-10 da Air New Zealand, num vôo de Auckland, na Nova Zelândia, para o Pólo Sul, bate numa montanha na Antártida. Ninguém sobrevive.



256 - Dezembro de 1985. Um DC-8 da Arrow Air, em uso pelas Forças Armadas americanas, cai depois de levantar vôo de uma parada para abastecimento, no Canadá, quando levava soldados americanos de volta para os EUA. Todos morrem.



230 - Julho de 1996. Um Boeing da TWA explode sobre o Oceano Atlântico após levantar vôo do Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, com destino a Paris. Todos a bordo morrem.






228 - Agosto de 1997. Um Boeing da Korean Air Lines espatifa-se contra uma montanha na Ilha de Guam. Levava 254 pessoas.


221 - Setembro de 1997. Um Airbus da Garuda Indonesia cai perto da cidade de Medan, na Ilha de Sumatra, na Indonésia, em meio a um nevoeiro causado por incêndios de florestas.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Qual o maior aviao do mundo ?

Antonov AN-225 mriya



O Antonov An-225 Mriya é um avião cargueiro russo peso-pesado. Ele foi desenvolvido para transportar cargas enormes e pesadas que jamais poderiam ser transportadas por outros aviões de carga convencionais, incluindo os maiores Jumbos e Boeings (por exemplo: o ônibus espacial russo!). É o maior avião de carga do mundo e só existem 2 deles. Ele pousa em chão de terra (com ou sem chuva) e até na neve (incluindo regiões remotas e desérticas da gelada Sibéria). O piloto designado para efetuar seu vôo inaugural olhou para aquele gigante, coçou a cabeça e disse: "Isto não pode voar! Um troço desses não tem como sair do chão...".

Veja as especificações desse colosso dos ares:

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Tipo de aeronave: Cargueiro para transportes internacionais
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Propulsão: 6 turbinas ZMKB Progress Lotarev D-18T (com 229.50 kN de propulsão cada; e você pensou que seu carro tivesse um torque forte...)
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Peso máximo de carga permitido para conseguir decolar: 600 toneladas (dá para trazer um bocado de muamba dos EUA...)
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Peso máximo de carga útil (interna ou externa): 250 - 275 Toneladas (achou que 600 toneladas fosse muito?...)
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Envergadura de asa: 88.4 metros
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Comprimento: 84 metros
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Velocidade: 800 km/h
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Altura: 18.1 metros (excluindo o trem de pouso)
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Dimensões de carga: 35.97m de comprimento; 6.4m de largura; 4.39m de altura (quer transportar um Boing 727 sem as asas? Cabe nele!)
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Autonomia de vôo com carga máxima: 4.500 km
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Autonomia de vôo com "tanque" de combustível cheio: 15.400 km
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Tripulação: 7 pessoas (!) - embora possa transportar mais de 1.500 pessoas em seu compartimento de carga...


A empresa construtora aeronáutica Antonov é sediada em Kiev, Ucrânia, na antiga União Soviética. É lá que se produzem os maiores e mais pesados aviões do mundo, o Antonov An-124 Ruslan e An-225 Mriya.
O Ruslan foi o primeiro à voar, em dezembro de 1982. Ambos foram desenvolvidos à pedido (ou sob as ordens) da Força Aérea Soviética, para cuidar do transporte pesado de grandes máquinas, caminhões, tanques e helicópteros.
Além disso, podem transportar um grande número de soldados e, no caso do Mryia, serviu como plataforma de transporte para o Buran, o Shuttle espacial soviético.

O Mriya fez seu primeiro vôo em 21 de dezembro de 1988. Durante sua fase de desenvolvimento, encontrou um inimigo mais temível que todas as forças da OTAN: a falta de financiamento.
Com a Perestroika de Mikhail Gorbatchov, o dinheiro destinado à pesquisa e desenvolvimento de novos armamentos, incluindo-se aí novas aeronaves, foi dramaticamente reduzido. Isto explica porque apenas um An-225 Mriya (que significa "Sonho" no dialeto ucraniano) foi construído.
O colosso foi colocado em operação restrita, e somente dez anos depois, em 2000, a Antonov começou a construir uma segunda unidade.
Para se ter uma idéia de seu tamanho, vamos compará-lo ao 747-400: o Mryia têm peso máximo de decolagem de 600.000kg e o 747,de 397.000kg.
O gigante russo pode transportar até 250.000 kg de carga contra 125.000 kg do Jumbo 400 cargueiro. O Mriya mede 84 metros de comprimento, o 747 "apenas" 70 metros. Possui seis motores, e o 747, quatro. É mais um dos prodigiosos projetos soviéticos, que a despeito de suas qualidades, parece mais destinado a entrar no Livro dos Recordes do que em serviço ativo.